Emílio Ibrahim acredita que construção de
mais de 30 anos poderia ser somada à revitalização da Zona Portuária.
Aos
88 anos, mas com a saúde em dia, o engenheiro Emílio Ibrahim conta com detalhes
as dificuldades e as vitórias que teve para construir o elevado entre a Praça
Quinze e o Gasômetro. Secretário de Obras do antigo Estado da Guanabara no
governo Chagas Freitas (1971-1975),
Ibrahim começou e deixou prontas 80% das
obras do elevado, que foram concluídas e inauguradas pelo governador do novo
Estado do Rio, Faria Lima, em 1978, após a fusão dos dois estados.
— Sou a favor da revitalização da Zona Portuária, só tenho aplausos, mas não concordo com a demolição da Perimetral. Tenho certeza de que a obra só poderia somar no projeto de revitalização, porque liga dois eixos importantes da cidade e fica no coração urbano do Rio — diz.
Emílio Ibrahim |
— Sou a favor da revitalização da Zona Portuária, só tenho aplausos, mas não concordo com a demolição da Perimetral. Tenho certeza de que a obra só poderia somar no projeto de revitalização, porque liga dois eixos importantes da cidade e fica no coração urbano do Rio — diz.
Quando foi nomeado
secretário de Obras, Ibrahim abraçou o antigo projeto de ligação da Zona Sul do
Rio com a Avenida Brasil e com a futura Ponte Rio-Niterói. Até então, existia
apenas um viaduto — hoje trecho da Perimetral — entre o Aeroporto Santos Dumont
e a Praça Quinze, com alças de entrada e saída próximo à Candelária.
— O projeto começou no
antigo Distrito Federal e estava parado havia 20 anos porque o Ministério da
Marinha não admitia que o elevado passasse sobre as instalações do Primeiro
Distrito Naval. Eu tinha uma boa relação com o então ministro dos Transportes,
Mário Andreazza, que ajudou na busca do financiamento para a obra. Escolhi,
então, um bom técnico, o engenheiro Renato da Silva Almeida, para comandar o
Departamento de Estradas de Rodagem e executar a obra — recorda.
Ibrahim lembra que
naquela época havia a preocupação de se construir um elevado para tirar do
Centro o tráfego pesado entre a Zona Sul e a Avenida Brasil:
— Havia uma
preocupação com o caos após a inauguração da Ponte Rio-Niterói. Por isso se
projetou a Perimetral. O projeto era muito ousado para a época. As vigas de aço
foram encomendadas à Companhia Siderúrgica Nacional. Fui a Volta Redonda várias
vezes para negociar a compra das vigas. Era uma tecnologia única na época. Foi
uma obra muito bonita e muito bem.
Morador do Leblon,
Ibrahim trabalhou na conclusão das obras do Maracanã. Mas guarda em casa
fotografias e documentos da construção da Perimetral, que usa quando viaja para
o interior.
— Como a maioria do
povo, acho um absurdo a demolição da Perimetral. As outras opções não vão
funcionar porque o tráfego não vai fluir livremente como flui no elevado. Fico
triste com essa coisa absurda que é a derrubada da obra — conclui.
Foto tirada do alto, na época da construção da perimetral. |
operário trabalhando na construção da perimetral. |
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